GABRIEL BATISTA E WLTN
REAL | VIRTUAL | CORPO | MÁQUINA | DIGITAL
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GABRIEL BATISTA E WLTN
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REAL | VIRTUAL | CORPO | MÁQUINA | DIGITAL
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SINTOMAS | COLETA
GABRIEL BATISTA,
artista visual, graduando do curso de Artes Visuais na Universidade Estadual de Maringá (UEM), transita entre os ares das cidades de Maringá e Cianorte, desenvolve experimentações nas áreas de fotografia, vídeo e ilustração, afetando-se também com possíveis relações entre as artes visuais e cênicas, e possuindo interesse na área de pesquisa em arte contemporânea e nas relações entre arte, subjetividade e cultura de massa.
"Os pandêmicos deslocamentos da percepção, convertida em um olhar para um mundo em primeira pessoa, para a janela, para o quintal, ou transcendida em um olhar em terceira pessoa, para sua própria face, para a câmera de selfie. O que sobra da visão de si mesmo quando condicionada à visão virtual do outro? Se num mundo pré-Covid já existia a dependência do olhar de outrem para os julgamentos de si, no durante-pandêmico este olhar se apresenta exclusivamente em versão distante e tecnológica, e o julgamento se dá em cima de mil personagens criados exclusivamente para a rede. Quem é quem no feed? O que sobrevive ao off-line? O que aproxima o eu visual/virtual de quem vê? Afinal, quem o espectador quer ver? Eles te acham tão gostoso a ponto de te querer cru? E o que isso importa? A imagem criada através das câmeras é tão elaborada que beira o irreal. Ainda existe algo como um eu-analógico - aquele formado antes da exposição virtual? Como fugir de toda essa interação e abdicar do personagem, sem se isolar completamente da sociedade numa vida completamente offline (se é que esse completamente’ é possível)? E como não fugir do ensimesmamento deste processo?"

ANA JULIA CAMPOS E LUCAS LOBIANCO
COTIDIANO | MEMÓRIA | DENTRO | FORA | FRAGMENTOS
SINTOMAS | COLETA
ANA JULIA CAMPOS
Artista visual formada pela Universidade Estadual de Maringá. Nasci no dia 12 de novembro de 1998, em Maringá/PR, e caminho pela linha teórica dos estudos de gênero e sexualidade, mas exploro outros territórios de vez em quando. Estou me sentindo mais à vontade no espaço do vídeo e da fotografia atualmente, mas vez ou outra o trabalho me puxa para outras linguagens, e eu aceito a aventura.

SINTOMA
Ana Julia Campos, O voo lento, 2020
" O sintoma que encaminho surgiu de uma conversa com um amiga, num dia que estávamos em um espaço aberto onde o silêncio era predominante, e eu ouvi, pela primeira vez, as asas de um pássaro batendo. No momento me ocorreu um sentimento familiar, e eu não sei porque o nomeava de "liberdade". Então comecei a pesquisar em minha memória outros momentos que aquilo tinha me tocado, encontrando assim, o almoço de domingo na casa de minha vó e o momento do lusco-fusco, horário que não é nem dia nem noite, o entardecer ou amanhecer. Um momento de liberdade dentro do aprisionamento da quarentena. O meu sintoma não diz diretamente sobre o quadro de saúde atual do planeta, mas sim sobre a nossa infecção enquanto indivíduos. "
LUCAS LOBIANCO,
(1993, Campinas - SP) Músico, Artista Visual, Bacharelando em Artes Visuais pela UFPB (Universidade Federal da Paraíba). Suas produções recentes tem como suporte a pintura, com a qual busca lançar um olhar reflexivo sobre o cotidiano solitário, e as relações com os espaços de
fronteira entre o Eu e o Mundo. Artista Multilinguagem, em 2017 participou da performance "Canta Pra Moça Subir", em parceria com o coletivo e espaço cultural Torta, Campinas -SP, assinando as visualidades com pituras, vídeo-arte e cenografia. Em 2018 realizou a performance "Bacia de Pia é 2 ou o Dia que um Lagarto subiu no Ônibus" João Pessoa -PB, em coletivo com alunos dos cursos de Artes Visuais e Artes Cênicas da UFPB. Em 2019 compõe o time de curadoria da exposição coletiva "Mancha" na Pinacoteca da UFPB.

SINTOMA
Série VESTÍGIO DA PRESENÇA, Guache e Acrílico sobre papel, dimensões variáveis 2020
"VESTÍGIOS DA PRESENÇA surgiu como uma série de pinturas que investiga os ambientes vazios da casa. A partir de uma ‘deriva interior’, percorro os cômodos registrando os vestígios da minha presença pelos ambientes, usando a fotografia. A partir desses registros desenvolvo as pinturas. Os cômodos são preenchidos por objetos que denunciam a presença, sem revelar o elemento humano. O chinelo no banheiro, as roupas no varal, a xícara de café, apontam para uma presença que é oculta na pintura. Nesse momento o olhar sai da janela e se volta para o interior. A relação com o mundo se faz, não só nas macro relações com o exterior e a cidade, mas também nos pequenos espaços. Partindo dessas derivas íntimas, as pinturas se formam como denúncia de uma presença oculta, que personifica a casa."
TRECHO RETIRADO DO DIÁRIO DO ARTISTA
19º DIA DE ISOLAMENTO SOCIAL
Me debrucei na janela e senti o vento, as mãos apoiadas no parapeito, ainda quente do sol da tarde. Os braços aber tos em retas oblíquas formavam ângulos agudos , as mãos apoiadas sentiam a textura áspera do cimento e da poeira. Ombros arqueados projetavam o corpo para frente em contra-peso com os braços tensionados , pescoço rígido. O rosto para cima e os olhos fechados. O entardecer sempre me deixa confortável; a luz dourada do poente, que pinta as nuvens de rosa
alaranjado, o calor morno dos últimos raios de sol. O primeiro quadro que pintei quando criança foi um pôr do sol. Talvez porque eu tenha nascido exatamente às 18h30min de um dia de verão, rebento do poente.
Quando menino eu sonhei que era um catavento, como o galo de cobre no alto da torre da igreja. Eu era um catavento em cima do telhado de casa. De lá eu via a telha vermelho canela e o pomar do Seu Antônio, nosso vizinho. De cima do telhado eu saltava e podia voar . Eu voava alto que o sol ofuscava a vi s ta, esquentando meu rosto. O cheiro era de orvalho-verde e eucalipto, que crescia na chácara vizinha. Tinha um rio, um pasto e uma montanha. O vento de estibordo batia suave no meu rosto, esfriando o calor do sol, como se despi s se um abraço. Eu quietava ali parado, com o rosto desnudo de sol pelo vento do entardecer. O frescor da noite se anunciava, sussurrando como um bater de asas. O vento dedilhava as teclas dos meus ouvidos . Forma sonata. Allegro ma non troppo. Eu acho que todos os poetas são filhos da noite. Nascem na sombra e passam a vida a tatear pela luz. O poema é penumbra ao entardecer . É lamparina de bordadeira na noite do sertão.
As luzes da avenida me avisam que já anoiteceu. Saio da janela.
É preciso acender a luz.



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