FACES DO CORPO
Em um dos estudos diários de desenho ao desconstruir um rosto em seus diferentes ângulos, diferentes faces, percebi uma pluralidade material. É engraçado pensar esse fato, precisei de uma materialidade para fazer com que sendo um somos plurais, engraçado pensar que o fato que não desconstruir, não desmontar e não tentar brincar com esses encaixes façam a gente pensar nesse ser tão rígido e único, imóvel, estático. Só poder enxergar uma face enquanto há tantas outras, uma pluralidade com a ilusão de ser uma única massa de ser. 

Pensei nessas faces que a muito tempo já me incomodavam, faces... faces.... faces que refletem luz, que se iluminando, absorvem, que são iluminadas. Faces que refletem o outro em mim, faces essas que invertem meu ser, que torcem e retorcem, onde não há dentro e nunca houve um fora, essas faces que mudam sua forma, essas faces disformes e completamente ilusórias que na realidade nunca existiram, mas sempre estiveram lá. 

Essas faces são espelhos? Meu externo seria só reflexo dos outros? Ou seriam essas faces lentes que dão abertura ao corpo que se desdobra dentro do oco? 

- Zari